Pedagogia Waldorf Ampliada Pela Arte Da Educação Do Fazer
A Pedagogia Waldorf foi desenvolvida no início do século XX pelo filósofo e cientista espiritual austro-húngaro Rudolf Steiner. A primeira escola surgiu em Stuttgart, na Alemanha, em 1919, a pedido do diretor Emil Molt, da fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, que a princípio solicitou a Rudolf Steiner falar sobre o organismo da trimembração social aos seus funcionários, e estes, posteriormente, solicitaram ao Sr. Emil Molt que os seus filhos pudessem ter uma educação na qual esses princípios fossem vivenciados. Atualmente, existem mais de 1.100 escolas Waldorf/Steiner em 64 países e 1.857 jardins de infância Waldorf em mais de 70 países, além de associações Waldorf e centros de treinamento de professores para educadores e professores Waldorf em todo o mundo.
Segundo os fundamentos da Pedagogia Waldorf, a criança é vista de forma integral, e em cada fase do seu desenvolvimento são oferecidas experiências que buscam o equilíbrio entre as habilidades intelectuais, emocionais, artísticas e sociais que nela desabrocham, bem como sua capacidade de realizar ações no mundo.
Numa escola Waldorf, os conteúdos curriculares não são assimilados passivamente pelas crianças, apenas a partir da leitura e escrita, mas conquistados ativamente, por meio de diversas vivências. O senso estético e as atividades artísticas são fundamentais para o aprendizado. Desafios crescentes são vivenciados com entusiasmo. Além dos conhecimentos adquiridos, aptidões são fortalecidas e novas capacidades são desenvolvidas. No caminho que leva à ampliação da consciência de si e do outro, do seu lugar no mundo, o objetivo é acompanhar e apoiar o desenvolvimento de indivíduos a fim de que possam se tornar capazes de, no futuro, encontrar direção e propósito para as próprias vidas.
Na Escola Waldorf Rural Turmalina (EWRT) as forças que impulsionaram a Pedagogia Waldorf são renovadas e fortalecidas através do trabalho com a terra e os reinos que a compõe (mineral, vegetal, animal e humano), integrando-os e ampliando, assim, o conceito social. Todos os dias professores, crianças e jovens atuam realizando atividades que partem da necessidade do local onde estamos inseridos (ambiente rural), através de um fazer com sentido. A Handlungspaedagogik, “Pedagogia das Mãos” ou “Pedagogia da Ação”, como é traduzido do alemão, que se popularizou no Brasil como a “Pedagogia do Fazer coerente”, com sentido, vem sendo estudada e aprofundada, sendo reconhecida por aqueles que a praticam como uma arte – “A Arte da Educação do Fazer”.
O fazer sensato é aquele que está preenchido de soluções criativas para as necessidades do ambiente que, ao longo do desenvolvimento da criança, se ampliam em complexidade e recebem contribuições de todos aqueles que convivem nesse entorno educativo, e descobrem que juntos podem criar e transformar realidades.
Nesse contexto, os alunos praticam agricultura, limpeza, culinária, marcenaria, compostagem, manutenções, entre outros. Até o quarto ano do Ensino Fundamental, as crianças realizam tais atividades com seus próprios professores de classe, recebendo alguns estudantes de turmas mais avançadas. Outros grupos de trabalho são mistos e reúnem estudantes de turmas diferentes, do quinto ano em diante. Conforme dito acima, o conhecimento adquirido nesse fazer é aproveitado em sala de aula, de modo a se construir pontes entre o ensino das matérias e a prática do trabalho que, ano após ano, transforma a paisagem escolar.
Numa época em que os meios virtuais ganham proporções avassaladoras -interferindo no desenvolvimento saudável de crianças e jovens – vivenciar atividades que geram saúde, fortalecem os laços sociais, vivificam a Terra, e estimulam um fazer com sentido possibilitam despertar no ser humano a sua verdadeira essência.